terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quem inventou praga de mãe?

Sábado, 21 horas. Eu estava de saída. Antes de cruzar a sala, rumo ao portão e à minha liberdade, mamãe me puxou e disse:

"Você vai sair, né? Pois bem: já sei o que vai acontecer. Vão estar todos sentados na mesa do bar, cada qual com um copo desgraçado de bebida, vão erguer, brindar e dizer que aquilo é que é curtir a vida, aquilo que é ter liberdade. Você vai se embriagar e sabe Deus o que mais pode acontecer. E amanhã de manhã você tem de tocar na igreja, não esqueça!"

Dei as costas e sai, como se nada tivesse ouvido. Era aniversário de um dos meus melhores amigos. Não poderia faltar. Era sábado à noite. Ora bolas, eu sei me cuidar, sei me controlar! Sei quando estou bêbado, uai! E nunca faltei compromisso por causa de bebida. Já fui trabalhar diversas vezes sem ter pregado o olho, sob efeito do àlcool, e sempre consegui me controlar. Vamos à farra, compadre! Maaaasssss... No fundo, no fundo, sempre lembrando do velho ditado: 'praga de mãe sempre pega'... Porra, mas o que é que pode acontecer? Só vamos comemorar o aniversário do meu compadre lá. Eu tô solteiro, então, vou mesmo é tentar descolar uma gatinha pra mim. Caralho, o que é que pode dar errado esta noite?

Então. Ao chegar no local combinado com a galera, não encontro ninguém. Iam demorar. Estavam esperando pelo último dos caras, que saia do trabalho. Fiquei rodando o lugar, passeando por entre os bares. Um saco. Estava com fome. E sem dinheiro. Que droga, meu. Praga de mãe... Que merda! Daí, pra me dar um suspiro de sobrevida, chega a linda índia dos olhos verdes.

Meu Deus... Que princesa das matas... Que pernas... Que olhos... Que boca! Jesus! Conversamos rapidamente, enquanto ela caminhava rumo ao toillet. Neste belo momento, o desgraçado do meu amigo me liga.

"- Aí, baitola, tá aonde?
- Tô conversando aqui com uma linda princesa...
- Ah, que nada! Espera a gente em tal lugar, que já estamos chegando!"

Merda. Tive de despedir-me da índia. Convidei-a ao tal bar, mas ela preferiu esperar pelas amigas (tava escrito que a noite ia ser perfeita, né...) e quando elas chegassem, iriam para onde eu estava.

- Galera, vocês nem sabem! Descolei uma gata pra mim e uma pra cada um de vocês!

Animado, fiquei até sem beber. Decidido. Se iria dar uns pegas na gata, não o iria fazer com hálito de cerveja. Enfim, liguei pra ela. E... Nada. Chamava, chamava... E nada. O tempo ia passando. Comecei a ficar puto e os meninos me zoando...

"- Otário! Elas já estão em casa, dormindo, e você aí, sem beber, esperando... Vâmo lá, cara, pega esse chopp aí!"

Daí, eles pegam os copos, erguem, brindam e gritam:

"- Isso que é vida! Isso que é liberdade! Não é, playpobre?"

Quase cuspo o gole de vinho de volta. Caralho, do jeito que minha mãe previu. A noite caminhava para ser uma merda mesmo. E eu já havia enfiado o pé naquele monte de bosta. Estava com o copo na mão, as meninas estavam longe naquele momento, e só quem eu tinha como consolo era mesmo o álcool. Ora, porra, bebamos, então!

No segundo copo eu já estava tonto. E falei isso para os caras. E tentei os convencer a ir à boate que fica vizinho ao bar. Pelo menos, poderíamos pegar umas gurias... Eles preferiram ficar lá, sentados, bebendo mesmo...

No terceiro copo, desabei na mesa e não me lembro de muita coisa, só de vomitar nos pés do garçom, derrubar um copo que espatifou-se perto de um outro cara, dos meninos falando em uma tal de Beatriz, dos caras me arrastando até o carro e me mandando ficar com a cabeça do lado de fora da janela, para o caso de eu ter que vomitar de novo.

Acordei com os primeiros raios de sol da manhã do outro dia, deitado no chão, com o rosto na calçada, próximo a uma poça amarela de vômito, daquele que você depois lembra de ter vomitado e que doeu pra caralho pois você não tinha nada no estômago. Lendo num site, descobri que se tratava de suco gástrico. Enfim, acordei, e vi os meninos, também bêbados ainda, sol das 7 horas no rosto, sentados na calçada.

- Aonde estou?
- Na calçada da minha casa - falou um dos caras
- Legal. E que horas são?
- 7.
- 7?
- 7.
- Que droga! Tenho que ir tocar na igreja!

E saí, correndo, fedendo a vômito, com a manga da camisa (que era preta) numa cor estranha, mistura de branco com amarelo. Zonzo. Quse caí, ao subir no ônibus. Ao descer, perto de minha casa, (não lembro de nada durante a viagem), ao dar uns 30 passos, tive de sentar no chão para recobrar o fôlego, pois não conseguia nem ficar de pé. 5 minutos depois, continuei o meu caminho. Chego em casa, meu pai está de pé, me esperando na calçada, desarrumado, como quem realmente NÃO vai tocar na igreja. Legal. Bom pra mim. Pude recobrar minhas energias. E ver aquela cara de 'onde foi que eu errei' do meu pai, típica de pai que não gosta de ver o filho chegar bêbado em casa.

Passei o domingo com dor no fígado, como disse, deitado e imóvel, e com uma enxaqueca que durou uma semana. E tive o agravamento de minha gastrite. E o álcool agora é passado na minha vida. Que bom. Que pena. E, de novo, tomei um porre por causa de uma mulher.

Essa semana me encontrei com a princesa indígena. E sabe o que ela me disse?

"- Eu fiquei na boate vizinho ao bar. Só vi suas ligações no outro dia de manhã. Pensei que você não fosse querer entrar lá, pois estava com seus amigos... Então, fiquei lá, sozinha, a noite toda... "

E praga de mãe... Pegou. 21 x 0 pra ela.

Um comentário:

  1. O que isso rapaz?Abandonou a linda moça ali,deixaste a garota sozinha no bar?Que maldade brother....
    Tá vendo?não escutou a mmammaê,saiu perdendo hei véi...
    kkkkkkkkkk =D

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Comentem, pra eu saber que não tô escrevendo só pra mim mesmo. Ah, deixe e-mail, pra eu poder responder, beleuza?