sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Quem inventou presente de aniversário?

Quem inventou presente de aniversário?

Pois é. Quem, gente? Lembro, no niver do meu irmão, eu dei de presente a ele um vale-corte de cabelo, pra torar a moita que ele levava à cabeça. E ele não gostou, no ato. Os cabelos cortados, embrulhei em pacote de presente e deixei no guarda-roupas da mãe, de presente pra ela (o que ela mais queria era ver seu rebento mais novo de cabelo cortado. Então, por que não dar o cabelo de presente pra ela?). Bem, ela também não gostou. Acordou a vizinhança toda num grito de susto. Ô povo difícil de agradar, viu!

Enfim. Meu niver foi na última quinta-feir. Aliás, voltemos a antes, quarta-feira, véspera. Meu plano de saúde encerrou-se, pois aos 21, eu deixo de ser dependente do meu pai e tenho de ser titular de um plano. Ok, farei isso na semana que vem, pensei. Só que eu não esperava pelo 'presente' que iria ganhar da minha própria idade. Eu entrevistava uma psicóloga para uma matéria. Enquanto a gata (ela era linda) falava sem parar (e falava mais que um papagaio que tomou água de chocalho), de repente, me deu uma dor no braço esquerdo, daquelas pontadas que você sente doer do cotovelo até a ponta do dedo médio. Dei aquele sobressalto de dor, e a psicóloga nada percebeu, super dedicada na prosa que me contava. Então, fiquei naquela, me mexendo, mudando de posição e talz, pra ver se ela se tocava que eu estava desconfortável ali. Enfim, terminei a matéria, fui pra TV. Lá, teve gravação do programa e eu tinha de organizar um monte de coisa. TP, cenário, texto... E o diabo da dor aumentando. Às 5 da tarde, quando tudo terminou, eu já não aguentava de dor. Fui pra casa (no bus lotado, lógico) quase chorando de dor. Tipo assim, cearense é cabra macho, num anda reclamando de qualquer dorzinha não. O lance é que era uma dor de TENDINITE, um dos maiores medos da minha vida, junto com baitolagem e impotência. Enfim, tudo que eu queria era ir ao médico, nem que fosse só pra levar uma injeção de soro. O que eu queria era que fizessem parar aquela dor. E a notícia que recebo de meu pai?

-Ih, cara, não vai dar. O teu plano venceu hoje, lembra? No máximo, só se você for ao Hospital público.

Ou seja, fui dormir com a maior dor que já senti na vida. Maior até que a dor de estômago depois do meu último porre. Que, por falar nele, foi outro fator que me deixou na merda no meu niver. Estou PROIBIDO de ingerir bebida alcóolica, pois minha última farra foi tão louca que fui parar no hospital.

-Garoto, escolha: quer viver até os 80 ou até os 22?
-Até os 180, se for possível.
-Pois pare de beber. Seu estômago está se auto-digerindo. E seu fígado está entrando no rodo.

Ah, e esta conversinha aí me custou a consulta a que eu tinha direito no mês. De toda forma, eu não esperava padecer de tendinite assim...

Bom, veio meu niver. Amanheço com o braço esquerdo paralisado. Não consigo mover um músculo sequer. O dia segue, e dou uma melhorada a ponto de, na base da teimosia, tocar num evento a que fui contratado e descolar uma grana. Chegando em casa, não tem bolo pra mim; de presente ganhei um par de meias e meus pais já estavam dormindo.

Chego no meu quarto e, em cima da cama, um pacote. Meu irmão, deitado na cama dele, fez com a cabeça o gesto pra que eu abrisse, pois realmente era pra mim. Nossa, que alegria! Meu irmão, ao menos, lembrou e comprou um presente pra mim! Êba! Rasguei o papel vermelho do presente, naquela gana de ganhar outro, em seguida. E ganhei, pois havia outro papel enrolado, dentro do que eu havia rasgado.

-Uai, diabéisso?

Rasguei de novo. E havia outro. Rasguei também.

-Rapaz, isso é putaria... - pensei.

E de fato, era. Quando finalmente cheguei ao presente, um saquinho de plástico transparente com duas folhas de papelão e um conteúdo entre eles. Uma revista. Aliás, mais que uma revista. A PLAYBOY de aniversário, com a Priscila do BBB, meu maior tesão depois da Justine daqueles filmes do Cine Privé. E autografada, ainda... Putz, fiquei feliz pra caralho. Só que, como não podia deixar de ser, o presente não era 'só' aquilo. De dentro da revista, escorregou um pacotinho com um DVD dentro, daqueles piratas que a gente compra no camelô. “Brasileirinhas: homem não entra volume 7, com Márcia Imperator e Valéria Azevedo” E, ainda, escrito bem do lado da gostosa loira: “Lindo!”. Concordo. A capa, uma cópia xerografada muito desbotada do sol, mas dava pra ver a gostosura das atrizes. Caralho... Meu dia, completo. Perfeito. Quase abracei meu irmão. Só que, com a mão enfaixada (é, eu enfaixei pra aliviar a dor), e com a outra segurando meus presentes, preferi correr e pegar o notebook mesmo, pra ver logo o conteúdo do DVD.

-Pôxa, cara, valeu mesmo. Pena que eu tô com a mão assim, né, senão corria era pro banheiro! – (eu posso perder o leitor, mas não perco o trocadilho)

Puxei a cadeira, pus o notebook nas pernas. Enquanto ele ligava, abri o zíper da calça. Pus o DVD no leitor. Esperei. E quando abriu... Meu... Da glória ao ódio. Da alegria à vontade de matar aquele indivíduo que ria feito uma hiena que cheirou gás hilariante. Não, sério, a vontade era jogar o notebook na cabeça do meu irmão. Mas, com uma mão só, não dava. Gente, o sacana realmente comprou o tal DVD. Só que ele trocou de propósito com um amigo, só pra fazer o mal mesmo. Quando abriu a porcaria do DVD, tinha mesmo uma loira lá. Só que era a Xuxa! “Xuxa só para baixinhos especial de Natal.”

-Puta que pariuuu!!!

E assim se encerrou meu niver. No outro dia, acordei ainda com dores no braço, mas foram diminuindo. E hoje, uma semana depois, ainda não consigo escrever no Pc e toco violão com dificuldade. E a dor, ainda me acompanha.

Ah, já me vinguei do meu brother. Fiz ele dormir no carro, na sexta-feira. Apareceu uma barata no quarto, e ninguém sabe de onde ela veio. Do esgoto, talvez. De uma caixinha de fósforo, também pode ser. Do esgoto, de uma caixinha de fósforo que eu trouxe escondido na mochila... Bom, aí você quer me comprometer. O fato é que ele foi dormir no carro, pois eu me recusei a matar o Rodney. É, Rodney, como em 'Joe e as baratas', lembra? Pois é... Feliz aniversário pra mim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quem inventou praga de mãe?

Sábado, 21 horas. Eu estava de saída. Antes de cruzar a sala, rumo ao portão e à minha liberdade, mamãe me puxou e disse:

"Você vai sair, né? Pois bem: já sei o que vai acontecer. Vão estar todos sentados na mesa do bar, cada qual com um copo desgraçado de bebida, vão erguer, brindar e dizer que aquilo é que é curtir a vida, aquilo que é ter liberdade. Você vai se embriagar e sabe Deus o que mais pode acontecer. E amanhã de manhã você tem de tocar na igreja, não esqueça!"

Dei as costas e sai, como se nada tivesse ouvido. Era aniversário de um dos meus melhores amigos. Não poderia faltar. Era sábado à noite. Ora bolas, eu sei me cuidar, sei me controlar! Sei quando estou bêbado, uai! E nunca faltei compromisso por causa de bebida. Já fui trabalhar diversas vezes sem ter pregado o olho, sob efeito do àlcool, e sempre consegui me controlar. Vamos à farra, compadre! Maaaasssss... No fundo, no fundo, sempre lembrando do velho ditado: 'praga de mãe sempre pega'... Porra, mas o que é que pode acontecer? Só vamos comemorar o aniversário do meu compadre lá. Eu tô solteiro, então, vou mesmo é tentar descolar uma gatinha pra mim. Caralho, o que é que pode dar errado esta noite?

Então. Ao chegar no local combinado com a galera, não encontro ninguém. Iam demorar. Estavam esperando pelo último dos caras, que saia do trabalho. Fiquei rodando o lugar, passeando por entre os bares. Um saco. Estava com fome. E sem dinheiro. Que droga, meu. Praga de mãe... Que merda! Daí, pra me dar um suspiro de sobrevida, chega a linda índia dos olhos verdes.

Meu Deus... Que princesa das matas... Que pernas... Que olhos... Que boca! Jesus! Conversamos rapidamente, enquanto ela caminhava rumo ao toillet. Neste belo momento, o desgraçado do meu amigo me liga.

"- Aí, baitola, tá aonde?
- Tô conversando aqui com uma linda princesa...
- Ah, que nada! Espera a gente em tal lugar, que já estamos chegando!"

Merda. Tive de despedir-me da índia. Convidei-a ao tal bar, mas ela preferiu esperar pelas amigas (tava escrito que a noite ia ser perfeita, né...) e quando elas chegassem, iriam para onde eu estava.

- Galera, vocês nem sabem! Descolei uma gata pra mim e uma pra cada um de vocês!

Animado, fiquei até sem beber. Decidido. Se iria dar uns pegas na gata, não o iria fazer com hálito de cerveja. Enfim, liguei pra ela. E... Nada. Chamava, chamava... E nada. O tempo ia passando. Comecei a ficar puto e os meninos me zoando...

"- Otário! Elas já estão em casa, dormindo, e você aí, sem beber, esperando... Vâmo lá, cara, pega esse chopp aí!"

Daí, eles pegam os copos, erguem, brindam e gritam:

"- Isso que é vida! Isso que é liberdade! Não é, playpobre?"

Quase cuspo o gole de vinho de volta. Caralho, do jeito que minha mãe previu. A noite caminhava para ser uma merda mesmo. E eu já havia enfiado o pé naquele monte de bosta. Estava com o copo na mão, as meninas estavam longe naquele momento, e só quem eu tinha como consolo era mesmo o álcool. Ora, porra, bebamos, então!

No segundo copo eu já estava tonto. E falei isso para os caras. E tentei os convencer a ir à boate que fica vizinho ao bar. Pelo menos, poderíamos pegar umas gurias... Eles preferiram ficar lá, sentados, bebendo mesmo...

No terceiro copo, desabei na mesa e não me lembro de muita coisa, só de vomitar nos pés do garçom, derrubar um copo que espatifou-se perto de um outro cara, dos meninos falando em uma tal de Beatriz, dos caras me arrastando até o carro e me mandando ficar com a cabeça do lado de fora da janela, para o caso de eu ter que vomitar de novo.

Acordei com os primeiros raios de sol da manhã do outro dia, deitado no chão, com o rosto na calçada, próximo a uma poça amarela de vômito, daquele que você depois lembra de ter vomitado e que doeu pra caralho pois você não tinha nada no estômago. Lendo num site, descobri que se tratava de suco gástrico. Enfim, acordei, e vi os meninos, também bêbados ainda, sol das 7 horas no rosto, sentados na calçada.

- Aonde estou?
- Na calçada da minha casa - falou um dos caras
- Legal. E que horas são?
- 7.
- 7?
- 7.
- Que droga! Tenho que ir tocar na igreja!

E saí, correndo, fedendo a vômito, com a manga da camisa (que era preta) numa cor estranha, mistura de branco com amarelo. Zonzo. Quse caí, ao subir no ônibus. Ao descer, perto de minha casa, (não lembro de nada durante a viagem), ao dar uns 30 passos, tive de sentar no chão para recobrar o fôlego, pois não conseguia nem ficar de pé. 5 minutos depois, continuei o meu caminho. Chego em casa, meu pai está de pé, me esperando na calçada, desarrumado, como quem realmente NÃO vai tocar na igreja. Legal. Bom pra mim. Pude recobrar minhas energias. E ver aquela cara de 'onde foi que eu errei' do meu pai, típica de pai que não gosta de ver o filho chegar bêbado em casa.

Passei o domingo com dor no fígado, como disse, deitado e imóvel, e com uma enxaqueca que durou uma semana. E tive o agravamento de minha gastrite. E o álcool agora é passado na minha vida. Que bom. Que pena. E, de novo, tomei um porre por causa de uma mulher.

Essa semana me encontrei com a princesa indígena. E sabe o que ela me disse?

"- Eu fiquei na boate vizinho ao bar. Só vi suas ligações no outro dia de manhã. Pensei que você não fosse querer entrar lá, pois estava com seus amigos... Então, fiquei lá, sozinha, a noite toda... "

E praga de mãe... Pegou. 21 x 0 pra ela.