quinta-feira, 4 de março de 2010

Quem inventou o mico na frente das gatas?

Quem inventou o mico na frente das gatas?


Tem dias em que tudo é normal. Tão normal, que dá sono e você dorme a tarde inteira, e nem sente remorso. Ou, se sente, se pergunta: “Puta que pariu, quê que eu tô fazendo da minha vida, meu? Mais uma tarde perdida pra preguiça, ou a vida que tá um marasmo mesmo?”
Bom, o fato é que o dia está alguns milésimos de segundo mais curto, e isso nos dá menos tempo para curtir as coisas legais que o mundo tem a nos oferecer. Tipo, esta quarta-feira, em que escrevo este texto, com o notebook no colo. Tô cansadão, pois o dia foi 'daqueles'. E não posso dormir ainda, pois tenho de terminar um trabalho da facu. E enquanto meu trabalho passa na Tv, com o volume no zero, pra não atrapalhar esta minha escrita, eu relaxo, enfim, e relembro o que passou. Contrariando tudo que falei de marasmo, preguiça e tédio. Só que tem coisas que realmente nunca mudam. O sono e o pitoresco, por exemplo.
Acordei às 4:30. Foi paranóia minha. Eu queria chegar cedo na facu, tinha planos (sonhava que a anjinha que conheci no final de semana me desse um sinal de vida e que pudéssemos marcar alguma coisa) e não estava afim de encarar o busão lotado. Mas, como o sono é sempre a minha maior virtude, preferi deixa meu celular tocar a música dos Raimundos até as 5 horas mesmo, para aí levantar e seguir minha rotina.
Quando saio do banheiro, após meu banho (não fiz a barba, contrariando meus planos da noite anterior), vejo o celular tocando. Atendo. Ligação a cobrar, de um número desconhecido. “Será minha anjinha, querendo marcar alguma coisa?” Mas, pô, eram 5:30, véi... Minha anjinha não faria isso, me ligar a cobrar antes das 6... Decido pelo óbvio: retornar a ligação.
Para desfazer minhas esperanças, era só minha amiga Maluca, da facu. Com uma proposta também maluca. Queria que eu fosse seu motorista por um dia. A levar pra facu, depois em casa ao meio-dia e levá-la ao trabalho por fim. E depois disso, o carro dela (dela nada, do ex-marido dela. Eles ainda moram juntos) seria meu até a noite. Topei na hora.
É uma maravilha, andar de carro no meio daqueles ônibus lotados, dando 'tchauzinho' para os 'babacas' que, ansiosos, esperavam conseguir entrar nos infinitamente lotados busões.
Chegamos na facu, encontro logo minha amiga Loira. “Gata, tô de carro hoje... E aí?” E aí, que ela tratou de marcar um cinema com uma amiga Ruiva e me escalou pra ir também. Guardem essa informação.
Lá, primeiro mico na frente das gatas do dia: enquanto 'mato o tempo', como diz meu pai, na sala do Diretório Acadêmico, sento numa cadeira e, durante o papo (falávamos sobre Maconha, acreditam?) e no meio das muitas brincadeiras, minha amiga Mesopotâmia (lembram dela?), que eu já venho assediando há uns dias, sem sucesso, passa por trás de mim enquanto eu me espreguiçava. Durante o processo de esticamento do corpo, tento agarrar a cintura dela. A moça, que de besta não tem nada, e que já está ligada, muito provavelmente, do lance do jogo do 'quem beija mais', que tá rolando nos corredores, me esnoba e me puxa, levemente. Fui na dela e caí no chão feito uma manga madura. Flashes e mais flashes. Todos tiraram fotos de mim, estirado no chão, rindo da minha desgraça. Bem feito pra mim. Estava precisando levar uma dessas. E seguem mais micos, para garantir a história do dia.
Passa a aula, temos a sessão do cinema da Faculdade, que vale como atividade complementar. Tocamos o terror, eu e alguns amigos (entre eles, a Maluca), fazendo bagunça na salinha do cinema, a ponto de eu, simbolicamente, tirar minha roupa de baixo (minha cueca, pô!) e girá-la no ar, para o delírio das novatas (gatinhas, também, por sinal) que riam de tudo, do outro lado da sala. Saímos chorando de rir, e com um certo receio de sermos penalizados pelo péssimo comportamento (velhos e bons tempos de escola...)
Levo a Maluca pro trabalho, passo em casa, como umas besteiras pelo caminho, fico ensopado de suor neste meio tempo, e enfim chego no shopping onde a Loira me aguardava com sua amiga Ruiva.
Aqui é só pra ressaltar que eu sou louco por aquela Loira, linda e simpática. O cheiro dela me deixa doidão, e o sorriso dela é como a luz do sol invadindo meu quarto pela manhã. A Ruiva também não fica muito atrás. Linda, simpática. Chorona, verdade. Mas muito romântica e carinhosa. Adorei conhecê-la.
No cinema, as meninas escolhem o filme. Vemos um de uma menina que morreu e só se libertou deste mundo quando deu um beijo fantasmagórico no pretenso galã, enquanto o enredo girou todo em torno do assassino, que simplesmente, ao final do filme, escorrega no gelo e morre, numa queda idiota, após ter molestado e assassinado muitas crianças. Resumindo, não fossem as companhias, eu teria feito como o coroa que estava na cadeira ao meu lado: dormido nas pernas da menina que estava com ele, a ponto de roncar feito um porco. Lindo e romântico. O ronco, não o filme. Não percam seu tempo e seu dinheiro com ele. A menos que tenha uma loira e uma ruiva pra te acompanhar.
Termina a sessão terror, ligo para o dono do carro e informo que vou atrasar um pouco a entrega do carango. Não iria perder a chance de levar as gatas pra casa e descolar uns amassos a mais. Desço de mãos dadas com a Loira (o melhor momento do dia. Tanto por isto – sair de mão dada com a gata – quanto pelo que se segue) até o estacionamento. Tiro o carro e talz, dou a volta, entro na avenida e... Percebo que passam das 7 da noite e os faróis estão apagados. “Ôpa! Como liga este bagulho?” Dá pra imaginar o mico. É sempre assim. Vida de Playpobre: quando sai de carro, descola DUAS GATAS, o que acontece? O carro é emprestado e o imbecil esquece de perguntar como LIGAR OS FARÓIS. Puuuuta que pariiiiuuuuuu!!!
As meninas riam histéricas dentro do carro, observando meu desespero, parado no acostamento, ligando para o dono do carro, ao som de Ivete Sangalo (‘quando a chuuva passar, quando o teeempo abriirr... Abra a janeela e veja eu sou o soool...’) . “Papito, como liga os faróis?” Ele também não perdeu a chance e riu de mim feito uma hiena descontrolada, ao telefone.
Passado este desespero (o cara, depois de se recompor, me ensina a ligar. Era só girar um botãozinho, do lado esquerdo inferior do volante. Como é que eu ia saber? Tava tudo escuro dentro do carro, pô! Não dava pra ver!), levo as gatas às respectivas casas (mega escondidas, por sinal. Acho que cheguei até a sair da cidade, aquilo já era zona rural, saca?) e me mando. Voltando, percebo que esqueci meus telefones celulares com a Loira. E lá vou eu, voltando, pra pegar os cels... Quando chego, após ser bem recepcionado pelo pai dela, um cara super simpático que sorri feito uma pedra, pergunto pelos aparelhos. Ela havia deixado no lixeirinho atrás da cabeça do banco do motorista. Legal. Voltei de besta. Pego os celulares, ligo pro dono do carro, marco o horário (dali a meia-hora) e sigo ao lugar marcado.
No caminho, rodei um bocado e quase fui parar numa das praias mais procuradas da região metropolitana. Após uns bons muitos metros, acho o retorno e volto pel avenida, limpa feito um tapete, rumo à churrascaria onde estava meu amigo, para lhe entregar o possante.
No caminho, me vejo escrevendo este texto. Do nada, começo a rir e a pensar no que fiz o dia todo. Já passavam das 8 da noite. Tiro as mãos do volante. Canto junto com Renato Russo, no som do carro, que segue 'na banguela', a cerca de 100 por hora. Agradeço a Deus; rodando feliz, no carro dos outros, após ter descolado duas gatas, ter feito muita bagunça na facu, e sem ter dado satisfação a ninguém. Que vida boa.
Chego na churrascaria, entrego o carro, atravesso a avenida e pego meu bus, de volta pra casa. De volta à velha vida. Chego em casa, banho e jantar. E vim escrever isto aqui. Pois amanhã, será outro dia. Vai que alguém me liga de novo, às 5:30, me oferecendo o carro por um dia... Ou vai que minha anjinha lembra de me ligar e marcar qualquer coisa pra nós dois... Enfim... Vou dormir. Boa noite. Se beber não dirija. Se for pra dirigir, me chame. Mas me ensine a ligar os faróis, pelo amor de Deus!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Quem inventou o Ferroviário Atlético Clube

Quem inventou o Ferroviário Atlético Clube

Fui com meu irmão ao Centro da cidade, levar o currículo dele (jogá-los na avenida, feito panfleto, como eu disse em casa...) às agências de estágio. No ônibus, encontrei uma velha (e linda e gostosíssima e linda de novo) e querida (muuuito querida) amiga, que deu umas orientações (orientações o caralho... ela fez foi iluminar meu dia mesmo com a beleza dela... Ai,ai...). Ao chegar no Centro, caminhando pelas ruas, uns tiozinhos zoavam com os seus times de futebol. E um deles disse:
“- Olha o leite Maranguape hoje, hein?! 1 x 0 ! Pode escrever!”

Leite Maranguape diz respeito ao time da cidade de Maranguape, porque lá se produz o lactício citado. E iria enfrentar o time do Ceará hoje (4ª rodada do campeonato estadual). Então,me deu uma louca e eu disse ao meu brother que iria ver o jogo do Ferroviário na Vila Olímpica Elzir Cabral. Loucura mesmo. Primeiro, que eu fui UMA vez à Vila, e isto porque peguei o ônibus errado (que não lembro qual era) e, de repente, parei lá em frente. Lembro que fiquei dentro do bus até ele tomar o caminho inverso, e desci no mesmo lugar aonde havia pegue e ainda andei em um terminal antes de chegar em casa, umas duas horas depois, rodando a cidade toda. Enfim, voltando à minha loucura, o segundo porém é que eu só conheço UM torcedor do Ferroviário que mora no meu bairro. Ah, é, a Vila Olímpica fica na Barra do Ceará, divisa de Fortaleza com a praia do Icaraí, na cidade de Caucaia (alô, Caucaia!). E o jogo seria à noite. Ou seja, tudo concorrendo mesmo para ser uma grande aventura e dar uma boa história. E pra não dar certo.

Convidei meu irmão pra ir comigo, visitar a casa do meu time. Lógico, o anti-social não quis vir. Prefere enfrentar as muriçocas do nosso quarto (nossas novas inimigas nº 1) do que sair de casa. E meu único amigo que torce pro Tubarão, bom, pelo que conheço dele, julguei tão pouco provável ele ir comigo assim, de última hora (o jogo seria dali a 4 horas), que preferi mesmo voltar pra casa, vestir minha camisa coral e me mandar sozinho, sem saber como chegar na Vila Olímpica.

Lembrei de um bus que passa perto da minha casa que parecia que ia no rumo da Barra do Ceará. Quando chego na esquina da rua aonde ele passa, vejo dois dele (ele demora uns 20 minutos pra passar) já atravessando a avenida. Droga... Se eu estivesse na parada, não passava nenhum. Eu vinha na esquina, passaram dois. Fico lá de molho, então, e aguardo o próximo. 20 minutos depois, ele vem. Realmente, tinha uma placa dizendo “Barra do Ceará”. Pulo nele e pergunto se vai mesmo (na verdade, perguntei se passava perto da Vila Olímpica. E... Sim! O trocador disse que parava ao lado do estádio.) Ora, ora... Parece até mentira! Peguei o bus certo, e ele para ao lado... Caraca... Bom, só faltava agora eu chegar na hora do jogo (eu saí de casa às 18:45, o bus passou às 19:05, o jogo eras às 20h. Cheguei na Vila às 19:50.) Parecia mentira. Cara, agora só falta mesmo, em meu primeiro jogo na Vila Olímpica, vindo sozinho, o Ferroviário ganhar a partida e eu descolar uma gata... Mas aí o milagre já é demais pro pobre do meu santo.

Sentei na arquibancada com a visão para o meio do campo. De repente, vem duas minas (meio dragãozinho, feinhas... mas bem gostosinhas até... camiseta do Ferrão coladinha, shortinho curto... pernas grossas... bundinha empinadinha... pneuzinho de bicicleta... Pô, tô na Barra, não no Edson Queiroz, né...) e sentam do meu lado. Feinhas, mas gostosinhas. Véi, tem o estádio todo pra sentar, vem sentar do meu lado porquê? Só pra fazer o mal... E tinha tanta mulher lá, porque elas que sentam do meu lado? Tem certas coisas que a gente só acredita porque viu. Bom, a mais filezinha senta na fileira acima da minha, com as pernas na altura do meu rosto. Pra quê isso, hein? Só pra tirar a concentração. Enfim... ao lado delas, uma família inteira (marca registrada da torcida do Ferroviário), com papai, mamãe, vovô e netinho. E o netinho, chamava Joãozinho. Parece mentira, coisa de piada, mas não é. Isto é Playpobre Lifestyle. Isto é Torcida do Ferroviário. E o moleque, de uns 5 anos (chato feito eu quando tinha 5...), manda essa:
“- Papai, vai ser 1 x 0 pro Guarani!”

O estádio todo olhou pro pirralho. “-Tá doido, menino? É o contrário, rapaz! 1 x 0 pro Ferroviário!”

O protótipo de gente se viu acoado e voltou atrás, dizendo que seria 1 x 0 pro Ferroviário e talz, mas já estava lançada a macumba. O jogo começa.

E tem coisas que só acontecem com o Ferroviário. Assim como tem coisas que só acontecem com a torcida do Ferroviário. E quando o Playpobre é o torcedor do Ferroviário, imaginem. Tudo pode acontecer. Até um apagão no estádio, aos 10 minutos do 1º tempo. Pois é. Meu primeiro jogo na Vila, estou sozinho, a gata do meu lado tem dois pneus de bicicleta embaixo da blusa e um anel de namoro na mão direita, um fedelho chato zicando meu time, e os refletores se apagam aos 10 minutos de jogo... PUUUUUUTA QUE PARIIIIIIIIIIIU!!!!!!

Durante o período de escuridão, fiquei pensando que eu podia agarrar aquele dragãozinho do meu lado, que por mais que ela gritasse, ninguém saberia quem estava agarrando ela. Pensei que eu podia jogar o fedelho e sua zica contra meu time pra fora do estádio sem quem a mãe dele percebesse. Pensei que eu podia até tomar uma cerveja sem quem o vendedor percebesse que eu não paguei por ela. Pensei em ligar pra alguém, pra dizer que eu estava no estádio do Ferrão, em pleno apagão, sozinho em meio à multidão, sem um centavo no bolso, e pensando em fazer um monte de besteira. Só que não levei o meu celular. Levei o da minha mãe. E minha agenda fica no meu celular, não no da minha mãe. Logo, ligar pros contatos dela (tipo, minha avó, minha tia, as colegas da rodinha de fofoca dela...) não era mesmo o que eu queria fazer naquele momento. Droga. Comecei, então, a me imaginar sendo o mascote da torcida, o “Tutuba“, um tubarão meio sem graça que fica o jogo todo na lateral do campo, zoando com as gatinhas, tirando foto com os velhotes e assustando os pirralhos. Se fosse eu ali, com aquela fantasia, eu pegava a bola e ficava brincando no campo, no escuro mesmo, só pra fazer a torcida gritar, eufórica, pois um mero mascote consegue fazer o que os profissionais não podem: jogar futebol no escuro. Nisto, pra minha sorte, do Tutuba e de toda a torcida coral, os refletores voltam a ser acessos e eu desisto de meus pensamentos infames. E eu já chegava na parte do pensamento em que eu, o Tutuba, tinha as minhas 'Tutubetes' e as levava comigo pro vestiário quando o jogo recomeçava...

Enfim... O jogo recomeça 40 minutos depois. O Guarani faz 1 x 0 e, após muita pressão e pouca objetividade do Ferrão, o jogo termina assim mesmo, conforme havia dito o fedelho (que passou o jogo todo falando quilos de merda...).

Vou pra casa triste e sozinho. Não sem antes perder mais duas horas rodando a cidade porque, àquela hora, meu ônibus já não passava mais pela Barra do Ceará. Havia trocado a rota a mais ou menos 40 minutos. Exatamente o tempo que o jogo passou parado por falta de energia elétrica. Bem vindo à família coral.

Por isso, pra torcer Ferroviário, tem que ter disposição. Tem que ter coragem. Tem que ter amor. Tem que saber dançar créu e não esperar pelo Tutuba pra se animar na arquibancada . E não pode gostar de criança, pois elas tem a predisposição à zicar nosso time. E não pode sonhar muito com um time que chegue muito longe. Ele vai te dar a alegria de ganhar todos os clássicos contra Ceará e Fortaleza, mas vai conseguir também a proeza de perder pro primeiro lanterna que lhe enfrentar na Vila lotada. Resumindo, torcer Ferroviário é ser verdadeiramente maluco, aventureiro. Pegar até dragão de saia e camisa coral, na falta de mulher bonita, e esperar 1 hora no terminal pra pegar o ônibus 'corujão'. É missão para poucos escolhidos. Salve, salve, F.A.C., o time dos maiorais! Salve, salve, Ferroviário Atlético Clube, o dono das iniciais.

E se eu ver o Joãozinho... Humpf!

* Update: O Ferrão jogou domingo contra o Ceará e... Ganhou de 1x0! Aí, foi jogar na quarta contra o Quixadá, na Vila. O tempo estava meio nublado, e eu já tive o pé frio da última vez, então preferi ficar em casa. E não é que o meu querido coral me surpreendeu de novo, e aplicou 4x0 no adversário!?!?!?! Será que o time evoluiu mesmo ou é porque eu não fui pro jogo? Ou será que deram ‘um fim’ no Joãozinho???? Mistério...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Quem inventou presente de aniversário?

Quem inventou presente de aniversário?

Pois é. Quem, gente? Lembro, no niver do meu irmão, eu dei de presente a ele um vale-corte de cabelo, pra torar a moita que ele levava à cabeça. E ele não gostou, no ato. Os cabelos cortados, embrulhei em pacote de presente e deixei no guarda-roupas da mãe, de presente pra ela (o que ela mais queria era ver seu rebento mais novo de cabelo cortado. Então, por que não dar o cabelo de presente pra ela?). Bem, ela também não gostou. Acordou a vizinhança toda num grito de susto. Ô povo difícil de agradar, viu!

Enfim. Meu niver foi na última quinta-feir. Aliás, voltemos a antes, quarta-feira, véspera. Meu plano de saúde encerrou-se, pois aos 21, eu deixo de ser dependente do meu pai e tenho de ser titular de um plano. Ok, farei isso na semana que vem, pensei. Só que eu não esperava pelo 'presente' que iria ganhar da minha própria idade. Eu entrevistava uma psicóloga para uma matéria. Enquanto a gata (ela era linda) falava sem parar (e falava mais que um papagaio que tomou água de chocalho), de repente, me deu uma dor no braço esquerdo, daquelas pontadas que você sente doer do cotovelo até a ponta do dedo médio. Dei aquele sobressalto de dor, e a psicóloga nada percebeu, super dedicada na prosa que me contava. Então, fiquei naquela, me mexendo, mudando de posição e talz, pra ver se ela se tocava que eu estava desconfortável ali. Enfim, terminei a matéria, fui pra TV. Lá, teve gravação do programa e eu tinha de organizar um monte de coisa. TP, cenário, texto... E o diabo da dor aumentando. Às 5 da tarde, quando tudo terminou, eu já não aguentava de dor. Fui pra casa (no bus lotado, lógico) quase chorando de dor. Tipo assim, cearense é cabra macho, num anda reclamando de qualquer dorzinha não. O lance é que era uma dor de TENDINITE, um dos maiores medos da minha vida, junto com baitolagem e impotência. Enfim, tudo que eu queria era ir ao médico, nem que fosse só pra levar uma injeção de soro. O que eu queria era que fizessem parar aquela dor. E a notícia que recebo de meu pai?

-Ih, cara, não vai dar. O teu plano venceu hoje, lembra? No máximo, só se você for ao Hospital público.

Ou seja, fui dormir com a maior dor que já senti na vida. Maior até que a dor de estômago depois do meu último porre. Que, por falar nele, foi outro fator que me deixou na merda no meu niver. Estou PROIBIDO de ingerir bebida alcóolica, pois minha última farra foi tão louca que fui parar no hospital.

-Garoto, escolha: quer viver até os 80 ou até os 22?
-Até os 180, se for possível.
-Pois pare de beber. Seu estômago está se auto-digerindo. E seu fígado está entrando no rodo.

Ah, e esta conversinha aí me custou a consulta a que eu tinha direito no mês. De toda forma, eu não esperava padecer de tendinite assim...

Bom, veio meu niver. Amanheço com o braço esquerdo paralisado. Não consigo mover um músculo sequer. O dia segue, e dou uma melhorada a ponto de, na base da teimosia, tocar num evento a que fui contratado e descolar uma grana. Chegando em casa, não tem bolo pra mim; de presente ganhei um par de meias e meus pais já estavam dormindo.

Chego no meu quarto e, em cima da cama, um pacote. Meu irmão, deitado na cama dele, fez com a cabeça o gesto pra que eu abrisse, pois realmente era pra mim. Nossa, que alegria! Meu irmão, ao menos, lembrou e comprou um presente pra mim! Êba! Rasguei o papel vermelho do presente, naquela gana de ganhar outro, em seguida. E ganhei, pois havia outro papel enrolado, dentro do que eu havia rasgado.

-Uai, diabéisso?

Rasguei de novo. E havia outro. Rasguei também.

-Rapaz, isso é putaria... - pensei.

E de fato, era. Quando finalmente cheguei ao presente, um saquinho de plástico transparente com duas folhas de papelão e um conteúdo entre eles. Uma revista. Aliás, mais que uma revista. A PLAYBOY de aniversário, com a Priscila do BBB, meu maior tesão depois da Justine daqueles filmes do Cine Privé. E autografada, ainda... Putz, fiquei feliz pra caralho. Só que, como não podia deixar de ser, o presente não era 'só' aquilo. De dentro da revista, escorregou um pacotinho com um DVD dentro, daqueles piratas que a gente compra no camelô. “Brasileirinhas: homem não entra volume 7, com Márcia Imperator e Valéria Azevedo” E, ainda, escrito bem do lado da gostosa loira: “Lindo!”. Concordo. A capa, uma cópia xerografada muito desbotada do sol, mas dava pra ver a gostosura das atrizes. Caralho... Meu dia, completo. Perfeito. Quase abracei meu irmão. Só que, com a mão enfaixada (é, eu enfaixei pra aliviar a dor), e com a outra segurando meus presentes, preferi correr e pegar o notebook mesmo, pra ver logo o conteúdo do DVD.

-Pôxa, cara, valeu mesmo. Pena que eu tô com a mão assim, né, senão corria era pro banheiro! – (eu posso perder o leitor, mas não perco o trocadilho)

Puxei a cadeira, pus o notebook nas pernas. Enquanto ele ligava, abri o zíper da calça. Pus o DVD no leitor. Esperei. E quando abriu... Meu... Da glória ao ódio. Da alegria à vontade de matar aquele indivíduo que ria feito uma hiena que cheirou gás hilariante. Não, sério, a vontade era jogar o notebook na cabeça do meu irmão. Mas, com uma mão só, não dava. Gente, o sacana realmente comprou o tal DVD. Só que ele trocou de propósito com um amigo, só pra fazer o mal mesmo. Quando abriu a porcaria do DVD, tinha mesmo uma loira lá. Só que era a Xuxa! “Xuxa só para baixinhos especial de Natal.”

-Puta que pariuuu!!!

E assim se encerrou meu niver. No outro dia, acordei ainda com dores no braço, mas foram diminuindo. E hoje, uma semana depois, ainda não consigo escrever no Pc e toco violão com dificuldade. E a dor, ainda me acompanha.

Ah, já me vinguei do meu brother. Fiz ele dormir no carro, na sexta-feira. Apareceu uma barata no quarto, e ninguém sabe de onde ela veio. Do esgoto, talvez. De uma caixinha de fósforo, também pode ser. Do esgoto, de uma caixinha de fósforo que eu trouxe escondido na mochila... Bom, aí você quer me comprometer. O fato é que ele foi dormir no carro, pois eu me recusei a matar o Rodney. É, Rodney, como em 'Joe e as baratas', lembra? Pois é... Feliz aniversário pra mim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quem inventou praga de mãe?

Sábado, 21 horas. Eu estava de saída. Antes de cruzar a sala, rumo ao portão e à minha liberdade, mamãe me puxou e disse:

"Você vai sair, né? Pois bem: já sei o que vai acontecer. Vão estar todos sentados na mesa do bar, cada qual com um copo desgraçado de bebida, vão erguer, brindar e dizer que aquilo é que é curtir a vida, aquilo que é ter liberdade. Você vai se embriagar e sabe Deus o que mais pode acontecer. E amanhã de manhã você tem de tocar na igreja, não esqueça!"

Dei as costas e sai, como se nada tivesse ouvido. Era aniversário de um dos meus melhores amigos. Não poderia faltar. Era sábado à noite. Ora bolas, eu sei me cuidar, sei me controlar! Sei quando estou bêbado, uai! E nunca faltei compromisso por causa de bebida. Já fui trabalhar diversas vezes sem ter pregado o olho, sob efeito do àlcool, e sempre consegui me controlar. Vamos à farra, compadre! Maaaasssss... No fundo, no fundo, sempre lembrando do velho ditado: 'praga de mãe sempre pega'... Porra, mas o que é que pode acontecer? Só vamos comemorar o aniversário do meu compadre lá. Eu tô solteiro, então, vou mesmo é tentar descolar uma gatinha pra mim. Caralho, o que é que pode dar errado esta noite?

Então. Ao chegar no local combinado com a galera, não encontro ninguém. Iam demorar. Estavam esperando pelo último dos caras, que saia do trabalho. Fiquei rodando o lugar, passeando por entre os bares. Um saco. Estava com fome. E sem dinheiro. Que droga, meu. Praga de mãe... Que merda! Daí, pra me dar um suspiro de sobrevida, chega a linda índia dos olhos verdes.

Meu Deus... Que princesa das matas... Que pernas... Que olhos... Que boca! Jesus! Conversamos rapidamente, enquanto ela caminhava rumo ao toillet. Neste belo momento, o desgraçado do meu amigo me liga.

"- Aí, baitola, tá aonde?
- Tô conversando aqui com uma linda princesa...
- Ah, que nada! Espera a gente em tal lugar, que já estamos chegando!"

Merda. Tive de despedir-me da índia. Convidei-a ao tal bar, mas ela preferiu esperar pelas amigas (tava escrito que a noite ia ser perfeita, né...) e quando elas chegassem, iriam para onde eu estava.

- Galera, vocês nem sabem! Descolei uma gata pra mim e uma pra cada um de vocês!

Animado, fiquei até sem beber. Decidido. Se iria dar uns pegas na gata, não o iria fazer com hálito de cerveja. Enfim, liguei pra ela. E... Nada. Chamava, chamava... E nada. O tempo ia passando. Comecei a ficar puto e os meninos me zoando...

"- Otário! Elas já estão em casa, dormindo, e você aí, sem beber, esperando... Vâmo lá, cara, pega esse chopp aí!"

Daí, eles pegam os copos, erguem, brindam e gritam:

"- Isso que é vida! Isso que é liberdade! Não é, playpobre?"

Quase cuspo o gole de vinho de volta. Caralho, do jeito que minha mãe previu. A noite caminhava para ser uma merda mesmo. E eu já havia enfiado o pé naquele monte de bosta. Estava com o copo na mão, as meninas estavam longe naquele momento, e só quem eu tinha como consolo era mesmo o álcool. Ora, porra, bebamos, então!

No segundo copo eu já estava tonto. E falei isso para os caras. E tentei os convencer a ir à boate que fica vizinho ao bar. Pelo menos, poderíamos pegar umas gurias... Eles preferiram ficar lá, sentados, bebendo mesmo...

No terceiro copo, desabei na mesa e não me lembro de muita coisa, só de vomitar nos pés do garçom, derrubar um copo que espatifou-se perto de um outro cara, dos meninos falando em uma tal de Beatriz, dos caras me arrastando até o carro e me mandando ficar com a cabeça do lado de fora da janela, para o caso de eu ter que vomitar de novo.

Acordei com os primeiros raios de sol da manhã do outro dia, deitado no chão, com o rosto na calçada, próximo a uma poça amarela de vômito, daquele que você depois lembra de ter vomitado e que doeu pra caralho pois você não tinha nada no estômago. Lendo num site, descobri que se tratava de suco gástrico. Enfim, acordei, e vi os meninos, também bêbados ainda, sol das 7 horas no rosto, sentados na calçada.

- Aonde estou?
- Na calçada da minha casa - falou um dos caras
- Legal. E que horas são?
- 7.
- 7?
- 7.
- Que droga! Tenho que ir tocar na igreja!

E saí, correndo, fedendo a vômito, com a manga da camisa (que era preta) numa cor estranha, mistura de branco com amarelo. Zonzo. Quse caí, ao subir no ônibus. Ao descer, perto de minha casa, (não lembro de nada durante a viagem), ao dar uns 30 passos, tive de sentar no chão para recobrar o fôlego, pois não conseguia nem ficar de pé. 5 minutos depois, continuei o meu caminho. Chego em casa, meu pai está de pé, me esperando na calçada, desarrumado, como quem realmente NÃO vai tocar na igreja. Legal. Bom pra mim. Pude recobrar minhas energias. E ver aquela cara de 'onde foi que eu errei' do meu pai, típica de pai que não gosta de ver o filho chegar bêbado em casa.

Passei o domingo com dor no fígado, como disse, deitado e imóvel, e com uma enxaqueca que durou uma semana. E tive o agravamento de minha gastrite. E o álcool agora é passado na minha vida. Que bom. Que pena. E, de novo, tomei um porre por causa de uma mulher.

Essa semana me encontrei com a princesa indígena. E sabe o que ela me disse?

"- Eu fiquei na boate vizinho ao bar. Só vi suas ligações no outro dia de manhã. Pensei que você não fosse querer entrar lá, pois estava com seus amigos... Então, fiquei lá, sozinha, a noite toda... "

E praga de mãe... Pegou. 21 x 0 pra ela.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Quem inventou piada de português

Eu estava aqui, com minha fome e minhas pesquisas a fazer. Já nem lembrava de escrever pra cá. Sério. Final de semestre é foda. Antes, eu vinha pro blog porque não tinha porra nenhuma pra fazer. Agora, é tanta coisa, tanta entrevista, tanta edição, tanta transcrição, tanto Word, tanto ctrl+c e tanto ctrl+v... Enfim... Daí, que vem uma alma caridosa e me lembra de ontem...

E ontem, tinha de ter sido mesmo quinta-feira. Porque as coisas só acontecem nas quintas mesmo... Ou nos sábados, dependendo do teor alcoólico...

Tivemos aqui na facu a visita do pessoal do MEC, pra fazer a avaliação institucional. Não vou me prender nos detalhes da briga que eu e meus amigos de comunicação social pegamos com os imbecis alienados dos outros cursos. Mesmo porque, engraçado foi um português que estava lá, representando o curso de Administração...

Primeiro, que tinha que ter um portuga, né... Ainda não sei de onde tiraram aquele figura... Bom o fato é que os professores do MEC perguntavam sobre a biblioteca da facu, se nós tínhamos algo a falar, alguma reclamação... Daí, o portuga pega o microfone e manda essa pérola:

( Com um sotaque português beeem carregado: ) ” – Ora, pois, eu não tenho de que reclamar da biblioteca daqui, pois é muito parecida com as de Portugal. Acho que ela é boa, pois possui livros. Igual a Portugal.”

Putz... Todo mundo riu, e o cara ficou lá, olhando pros lados e perguntando: “ – Quê que há? Quê que há? Qual foi a piada?”

Bom, a piada veio depois. Eu passei na TV, pra pegar pilhas pra minha câmera (trampo pra fazer e minhas pilhas são mais preguiçosas que eu. Trabalham não.). Daí, entrei sem bater, e ouço aquele alvoroço, os caras clicando lá no pc, movendo cadeira de lugar... Daí, um dos caras fala: “ – Ah, é o Playpobre... Continua aí!”

Fiquei sem entender, até que o outro deu o play. Estavam ouvindo piadas. Não tinham o que fazer, mas, mesmo assim, serem pegos ouvindo piada dentro da facu pela professora responsável pela TV na teórica hora de trabalho poderia gerar um problemão... Enfim... Decorei essa pra vocês:

O português foi convidado pra uma suruba ( e só o fato de convidarem um portuga pra uma suruba já é uma baita duma sacanagem, né...). Aí, ele vai todo empolgado e talz... Passa umas duas horas lá, ele grita, no meio do salão, (todo mundo já quase exausto de tanto... hãn... vocês sabem...). Bom, o portuga grita: “ – Ora, pois, pessoal, vamos organizar esta suruba, ôpá! Eu já levei umas 5 varadas no curral e já tive de sugar uns 7 canudos! Tá na hora do portuga se dar bem!”

Cri..cri...cri...

É, não teve graça. Eu sei. Mas na hora teve. Porque lembrei do portuga falando da biblioteca de Coimbra e quase me caguei de rir... Merda. Vou tentar de novo, na próxima.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quem inventou Bukowski?

"O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames referentes ao direito individual de propriedade."


Quem inventou Bukowski?


Já tem uma semana, estou lendo "Pulp", a última obra do velho safado. E gamei. Tô fissurado na literatura bêbada do cara, e tipo, bem ao meu modo, tento 'Bukowskizar" o mundo.

Meu irmão foi a primeira vítima. Fiz ele trocar Arnaldo Jabor (eca!) por Nick Belane. Pobre criança... Não bastasse ter feito ele ver o último filme do Zé do Caixão, agora o corrompi de vez! Se ele não vir a querer ser publicitário ou jornalista quando crescer... É pq tem (muito) juízo!

Daí, dia desses, visitei meu brother no Instituto onde ele estuda. Compro duas cocadas de chocolate, e com a boca cheia de cocada (e de chocolate), convido uns amigos (e ele) para verem um filme aqui na facu. Valendo certificado de atividade extra, a galera topa até levar injeção na testa.

No dia da exibição de cinema, os caras aparecem. Bem atrasados, verdade. Queriam ver as gatinhas dos corredores, só viram o breu da sala improvisada do cinema e os tapas que eu dei no meu irmão, zoando ele, o filme todo.

Termina o filme, estamos todos indo pra casa. Paramos na escadaria da facu.

Um dos caras tira então, da mochila, o livro "Veronika decide morrer" de Paulo Coelho (eca!)

Daí, eu lanço meu olhar Bukowskiniano, e disparo as palavras, dignas de Nick Belane, o melhor detetive de L.A.:

"Pô, meu, Paulo Coelho? Vai pra puta que pariu e joga esta porra fora! Cara, se matassem Paulo Coelho, Jô Soares e Arnaldo Jabor, seria um bem que fariam à humanidade!"

E o cara, meio abobalhado, sem entender minha reação inusitada (e violenta) por conta do singelo livrinho em sua mão, permanece imóvel, esperando o "Olha a pegadinha do Faustão..."

Então, aproveito a fraqueza verbal do cara e continuo:

"Cara, conselho de amigo: leia Bukowski! O cara é um gênio! Ele faz você se embriagar sem precisar tocar em um mililitro de álcool! Leitura obrigatória para esta geração perdida a que nós pertencemos!"

Nisso, vem subindo as escadas o meu amigo Vampiro Anêmico, que me emprestou o livro sagrado derradeiro da literatura Bukowskiniana e me incentiva a cada dia a compreender melhor o velho Buk. Então, cheio de alegria, volto-me para aquele que me abriu os olhos à luz da qualidade literária, e já imaginando uma reação semelhante à minha, pergunto a ele:

"Vampiro Anêmico, olha só, o cara está com um livro do Paulo Coelho! Rá! O que você faria se tivesse um livro desses na sua mão?"

Eu imaginei um monte de coisa: imaginei ele dizendo que iria fazer picadinho daquela porcaria, que iria fazer dele encosto pra porta, que usaria como papel higiênico, que iria reciclar pra imprimir alguma obra de Bukowski... Maaasss... O que ele diz..?

"Cara, eu leria este livro, pq ele É um BOM livro."

PÁÁÁÁÁÁÁ!!! Hadou-ken! Kamehameha! Mostra o cavalinho pro Playpobre que levou um toco histórico na frente dos amigos...

E seguiu seu trajeto. E eu fiquei lá, com cara de bunda de velha após acordar da soneca que tirou sentada em cima do velho gato de estimação...

E Bukowski? Continuo lendo e me acabando de rir da semelhança mórbida existente entre as maluquices desastradas de Nick Belane e minha facilidade de conseguir momentos historicamente constrangedores.


Até a próxima sexta!


"Eu tinha talento, tenho talento. Às vezes olhava minhas mãos e compreendia que podia ter sido um grande pianista. Mas o que tinham feito minhas mãos? Coçado o saco, preenchido cheques, amarrado cadarços, puxado descargas de banheiro etc. Desperdicei minhas mãos. E minha mente." - Bukowski, Charles. Pulp, L&PM, 2009 - pg 11.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Quem inventou as baratas?

Aí, galera! Esta história é quente. Aconteceu esta semana...

Lembrando: me ajudem a comprar os pirulitos Pop para as musas!

E comentem os posts...

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Domingo. Domingo, nada! Segunda-feira, meia noite e vinte e cinco. Estou eu, notebook (quente feito bunda de cachorro) nas pernas, transcrevendo uma (chatíssima) entrevista produzida pela turma de jornalismo. O sono, inimigo meu desde a segunda-feira da semana retrasada. E eu ainda não o consegui vencer. Enfim, além do cansaço e tal, a porcaria do trabalho pra terminar e entregar em dali a poucas horas, já na primeira aula da (asilada) professora (que chega antes do galo cantar na facu. e dizem que eu que moro lá, né... a mulher chega primeiro que os guardinhas, meu!). Uma da manhã. Termino o trabalho, e me jogo na cama, exausto do dia. Enquanto isso, meu irmão (ainda) vendo tv.

Ele, conforme já disse por aqui, vai comigo até a avenida, pois estuda no Instituto em frente à parada do mega lotadão. Ou seja, o bacaninha tem de estar de pé impreterivelmente, e pronto para sair de casa, às 6 da manhã. Detalhe: ele dorme mais que eu; o que quer dizer que o cara é uma pedrinha de quartzo. Ou melhor, de quarto.

Deitado de costas pra tv, mas ainda assim a luz me torra a paciência. "Pô, velho, vai dormir! Qual é, já já a gente tem que estar de pé! "

E quando levanto a vista, o sacana tá assistindo um documentário... sobre índios!

"Pooorra, meu! Vai pra casa do caralho! Desliga essa porra e vai dormir!"

Após mudar de canal algumas vezes (e parar no que um humorista fazia massagem na mulher melancia, de biquini... que me lembrou a vinhetinha ' ô meu Deus, que beleza!'), Eu desisto e tento dormir mesmo com a luz incomodando meu sono.

Enfim, dormi. No sonho, minha amiga Mesopotâmia (olha só, e é pq ela diz q eu só gosto de loira, né...) está no laboratório de informática da facu, me mostrando umas fotos de sua família. Quer dizer, mais ou menos... As fotos eram da empregada. Sem a parte de cima da roupa. Era uma morena linda, dos seios lindos, daqueles tipo pêra, que dá vontade de agarrar, mesmo sendo um sonho, e não soltar nunca mais, pq cabem na mão (e minha mão é até grandinha, hein!)... Pois é. Daí, eu pergunto: "Vixe! e essa gata?" E a Mesopotâmia responde: "É a empregada lá de casa." E eu: "E pq ela tá assim, sem a roupa de cima?" E ela: "Ah, é pq essa foto foi feita quando minha mãe não estava em casa...". Ah, tá. explicado: o velho dela é dos bons.

Daí, sinto uma furadeirada nas ombro esquerdo. Como? É isso aí: sinto tipo uma furadeira no meu ombro. Estranho, né? E digo a ela: "Porra, tão me cutucando, aqui!" E ela: "Mas atrás de ti só tem essa parede..." E eu, já irritado: "Porra, tão me sacaneando!"

Daí, ouço aquela voz cavernosa, estilo Cid Moreira, dizendo meu nome:

"Deeeecoooooo... Deeeeeecooooo..."

Quase num pulo, abro os olhos, e vejo meu irmão, olhos esbugalhados, em pé, ao lado da minha cama. Parecia uma assombração, tipo aquela menina que aparece no Sexto Sentido, quando o moleque tá escondido na tenda, dentro do quarto... Lembram?

Enfim. o marmanjo, meio relutante, então, me diz:
"Cara, é que tem uma BARATA atrás do rack da tv..."

Pois é. Dei um curto suspiro, pra poder respirar e ter ar suficiente pra elogiar ele ("seu viado, vai tomar no olho desse teu cu, seu sacana, mongol, vai pra casa do caralho encher o saco do cão com reza, porra!"). E agradecer por ter me acordado de meu sonho (é todo dia que você sonha com uma mina mostrando fotos da empregada super-gostosa, se exibindo? Acho que não...).

Viro as costas e continuo deitado. Ele, de pé do meu lado, feito assombração. Tento retomar o sonho. Mas não dá. A luz atrapalha. A sombra do meu irmão atrapalha. A raiva atrapalha. As muriçocas zumbindo no meu ouvido atrapalham. O sono atrapalha. A lembrança da transcrição, com as vozes ainda na minha cabeça, atrapalha.

"Poooooooooooorrraaaaaaaaaaaaaa!!!!! Véi, caralho! Taí, a barata tá lá atrás, né, então pronto! Não dá pra pegar ela! E nem ela pode te pegar! Vai dormir despreocupado, que A BARATA NÃO VAI TE MORDER!"

Daí, depois deste breve acesso de raiva, me deito (ah, é, eu levantei e andei em volta do quarto, olhos semi-cerrados, como que procurando qualquer coisa pra pisar em cima e dizer que matei a porcaria da barata, só pra ver se o marmanjo ia dormir sossegado e me deixava com os seios da morena do meu sonho).

Então, vejo o homenzarrão atravessar o quarto, olhos ainda esbugalhados, passando bem rápido do lado do rack, deitando e cobrindo-se dos pés à cabeça, com o lençol de quase 3 metros.

Apago a luz. Mas não consigo retornar à morena. Porra! Só me lembro de ter deitado, e de ouvir a musiquinha chata de hardcore que toca no meu celular, como despertador. E do galo cantando as 5 da manhã. Pq desgraça pouca é só em filme.

Sento na cama. O ódio refletido em meus olhos vermelhos. Então, ouço aquele zumbidinho, aquele 'crack', típico de barata mechendo em saco plástico. Vejo então, um pacote de biscoitos (sem biscoitos, lógico) no chão, com meu All Star por cima.

"Ah, infame! Meu irmão te prendeu no saco com meu All Star, né... Agora, você vai pagar, desgraçada! "

E salto em cima do saquinho, ao melhor estilo Seu Madruga, sobre o boné. Piso, sambo, esfrego... Quando me dou por cansado, o saquinho volta a zumbir.

'Crack... Crack...'

Não creio! Saca, quando nos desenhos animados o cara morre de socar alguma coisa, e o bichinho que devia estar morto aquela hora, de tanto apanhar, reaparece do nada, como se nada tivesse acontecido? Foi o que aconteceu com a barata.

"Ah, filha da puta! Morre, desgraça! Volta pro inferno, sua filha do demo! Ahhhhhh!!!"

Acho que acordei mais gente que o galo. E, novamente, após saltos dignos de Chuck Noris, a famigerada sai correndo de dentro do saco de biscoitos, e fica, tonta, rodando o quarto. Eu a sigo, irado, feroz, assassino.

"O jornalista aqui, sou eu. O imortal aqui, sou eu. O herói aqui, sou eu. Quem vai te matar, serei eeeeuuuuu!"

Num salto, a pressiono com a pontinha do dedão do pé direito. Uso toda a força do meu 'chi' e projeto um kamehameha em sua direção. Ela explode em vários pedaços. Pernas de um lado, cabeça do outro, sangue por toda parte. Tenho aos meus pés um troço totalmente desfigurado, que outrora foi uma barata. A porcaria de uma barata que me roubou uma noite de sonhos (e de seios) morenos.

Dou-lhe um chute, e ela atravessa o quarto, parando apenas ao chocar-se contra a parede, no final da varanda. Dou um risinho de vitória, e meu irmão, até então imóvel por conta da cena toda ( o mala realmente tem pavor a barata... Ele encara até o dragão de São Jorge, mas barata... ), sim, o mala manda então essa pérola:

"Qual é, cara, relaxa. A BARATA NÃO VAI TE MORDER."

Ahhhh.... Mooooleeeequeeeee!!!!

"Ela me mordeu sim, mordeu no bigulim! E cuidado, que eu tô de mal-humor!"

Mala sem alça, viu, esse meu irmão! Fala sério!

Até a próxima batalha. Até a próxima sexta. Morte às baratas. E viva as empregadas dos sonhos que mostram os seios na hora das fotos.